Lilypie Fifth Birthday tickers

Lilypie Second Birthday tickers

de longe e de perto

Tenho me mantido afastada destes registos, com medo, talvez, de que as palavras venham acompanhadas de algum lamento ou que não tenham de recheio as cores com que gosto de pintar a vida. Hoje, no meio da resolução, para quê lamentar quando tens de mudar... resolvi limpar o pó a esta fábrica que amo de coração, onde tantas vezes deposito o meu coração de mãe e quase sempre, no fim de algumas linhas de prosa, o suspiro amoroso me invade o dia. Quase em todas as vezes, saio daqui mais leve.

Sei que já são poucos os que nos acompanham, muitos foram ficando cansados deste mundo virtual e outros acabaram por desistir de cá vir, tantas foram as visitas em que não havia novidades. Sei que o segredo de um blog frequentemente visitado é assiduidade com que fazemos registos e também a assiduidade com que visitamos os outros blogs de conteúdos e interesses semelhantes. Neste toma lá dá cá, da qual não sou propriamente perita, devo dizer que apesar da cada vez serem mais espaçadas estas minhas palavras, também cada vez é maior o apresso que tenho pelos que visito e que me visitam. Mães (essencialmente) que partilharam tempo de barriga, que viram acontecer mais ou menos ao mesmo tempo, o nascimento do meu e dos delas e que aos poucos fomos conhecendo e abraçando em palavras.

Ao ler algumas coisas menos positivas em cantinhos vizinhos, descubro que no meio dos blogs mais badalados e visitados há também à mistura um pouco da maldade que existe no mundo. Pessoas, que como eu, ao se exporem, expõe-se à crítica, à inveja, à maldade. Em 4 anos e meio de blogosfera, posso dizer que é para mim uma enorme felicidade ter apenas encontrado pessoas que aqui (e na antiga Fábrica de Fazer mundos) vieram deixar o seu apreço, a sua amizade, o seu carinho e até o seu ombro.
Muitos passam desde sempre... alguns em silêncio, outros a quem eu não posso devolver a visita (ccoimbra... veliam....). Já foram as visitas que me incentivaram a tentar a assiduidade. Neste momento, sinto um grande peso na consciência, por ter iniciado este registo e por não estar a conseguir manter: porque facilmente me esqueço dos episódios mais engraçados... porque frequentemente penso, vou escrever isto, e depois quando venho acabo por não o fazer (mais ou menos como agora)...

São os meus filhos que aqui me trazem, sendo que para quem ainda tem a coragem de aqui passar, deixo esta primeira parte e o meu imenso abraço, pois no meu coração estão também as peripécias dos que por este excêntrico mundo virtual vou conhecendo. Fica a advertência que esta que aqui está sou eu, mas não sou eu por completo, é o pacote mãe que aqui deixo e será sempre assim. Talvez nas entrelinhas se conheça a mulher por detrás das palavras, talvez a quem me veja por outros lados (virtuais ou reais) consiga perceber a mulher para lá da aventura da maternidade. Mas esta é aquela que eu escolhi deixar aqui.

A partir daqui ficam os meus pequenos, aos representantes das caixas de comentários, aos leitores anónimos, aos que já vieram, aos que um dia chegarão. Fiquem connosco enquanto ficarem por bem. E aos que tantas vezes me deixam palavras, mimos e abraços... saibam que também moram cá dentro.

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Somos 5 há 11 meses e dois dias. Tanto mundo que mudou dentro de nós. As rotinas. As exigências... as surpresas. A casa tem vida, tem alegria, tem desavenças, tem advertências, tem surpresas e até mistérios. Isto é crescer. Penso e digo (em mim e para eles). A mana já cresceu? Pergunta o João menino e impaciente. Já fala? Já anda? E depois diz feliz à tia: A minha mana já brinca. Já Já! Sentados na sala, na manta dos brinquedos rodeados de almofadas e dos meus olhos. Calmos às vezes. Outras em silêncio quebrado por um repentino acesso de não gosto de ti afinal. São mil os olhos que os bebem. Às vezes também a pressa de que cresçam, outras a vontade de que o tempo pare e cristalize a paz que nos envolve. A três é como andar de montanha russa, tamanhas são as emoções. Um teenager sabe ser responsável e "tomar conta" dos irmãos, mas também sabe provocar, sabe testar os limites, principalmente do furacão João. É uma casa cheia. Cheia de tudo, de amores e de surpresas. De suspiros, de abraços. E por vezes também de gritos e de cansaços.

Repetem-se os dias, agora mais rotineiros. Pela primeira vez e depois de passado o primeiro mês de adaptação o João pede para ir à escola. De manhã, depois do seu tempo morno de acordar, diz que não quer ficar em casa, que quer ir e alegre chegamos para mais um dia. Em mim ainda o arrepio acontece, se penso no dias afastados, nas horas que me parecem imensas... e apesar de saber que é um óptimo lugar e que os benefícios no seu comportamento e personalidade são mais que visíveis, são factos... não consigo deixar de pensar que quase 4 anos é muito pouco para tanto tempo afastado de nós. Coisas de mãe piegas que tento não pensar em demasia.

O João está crescido, um senhor dizem alguns, mas ainda se nota alguma falta de estabilidade no seu comportamento, à conta da vinda da irmã... muito exigente, um pouco conflituoso, e sempre pouco hábil em saber lidar com as contrariedades. Tudo tem que seguir o ritmo normal e habitual, uma pequena coisa que saia da rotina, um acidente, uma surpresa são motivos para gritos, choros... desespero. Nas horas calmas é conversador, espirituoso, gosta de brincar e cada vez o faz melhor. Tem alma rica e olhos que espelham e reconhecem o mundo. Sabe interpretar, tirar conclusões maduras e surpreender com coisas que nós nunca lhe tínhamos explicado. Lembra-se de todas as histórias de todos os livros e gosta de palavras novas, de histórias novas de mundos de fantasia que tece com as suas mãos e os seus sonhos. É a idade da magia, da dualidade... confunde sonhos com realidade e às vezes tem pesadelos dos quais é dificil esquecer. Os terrores nocturnos ainda acontecem, felizmente são raras as vezes... já os enfrento com mais serenidade. Abraço-o, conforto-o com palavras doces, e espero que passem os gritos e choros e que o sono vença-o de novo... É o meu rapaz, ele não é apegado a mim, é colado... a mãe é tudo e é nada. Para mim são os maiores mimos e os maiores conflitos. O pai sabe impor melhor a sua autoridade e precisa de muito pouco para o por na linha... comigo tudo é mais medido, a corda esticada até quase quebrar. Passei dias (e em momentos ainda me deixo vencer) em que me vencia pelo cansaço. Mas mãe também aprende, a dominar o cansaço e o desespero... a procurar a calma e principalmente, em encontrar o caminho. Dei por mim a exigir demais, queria que fosse mais autónomo, mais desapegado, menos bebé... e não resultou. Hoje andamos na barca da aprendizagem, todos, a gerir todas as emoções e a encontrar o ponto de equilíbrio entre o ser bebé e já ser menino.

A Clara cresce ao seu ritmo, à sua vontade, bebé sossegada que gosta de atenção e mimo. Adora os irmãos... é a menina do papá e com ele divide as manhãs em mimos, sonos e descobertas. É fácil de contentar e de alegrar... e se está inquieta, normalmente são as necessidades básicas que falham: dormir, comer ou fraldinha. Teve uma segunda otite esta semana, mas é difícil perceber que está doete, não ganha febre nem se mostra inconsolável, só um pouco mais irrequieta. No feitio calmo e alegre que dura a maioria do tempo, começaram a aparecer rasgos do seu lado mais cinza. É ciumenta e não consente que pais, avós ou irmãos dêem atenção a outros bebés que não ela... reclama logo com a sua voz forte e um aaaahhhh zangado e mexendo com força os braços. Tem mão certeira e afasta o que não quer determinada. É dócil, mas não é fácil de levar... Já sabe o que é não e Ah! e faz logo um beicinho que é uma delícia. Se lhe dizemos não, a maioria das vezes desata mesmo a chorar. Aprendeu a apontar e mesmo ao colo aponta tudo o que quer e para onde quer ir. à pergunta onde está a Clarinha, aponta a barriga e diz tata ou tati. E diz olá frequentemente... Faz xau com a mão pequenina. Dá uns beijos de boca aberta muito bons. Não gosta de ficar em pé, nem de andar, faz força para se sentar. Consegue-se por a pé agarrada, mas não o faz frequentemente. Rasteja como um tropa, e ensaia o gatinhar, mas a barriga gordinha puxa-a para o chão. Encosta a cabeça a minha e faz aaaaaaa, uma delícia nossa.

Gosto de os ver juntos e ficar com a certeza que foram o melhor que a vida me deu. Apesar de todos os cansaços, de todas as dificuldades e dos dias não serem leves. Apesar de mim e apesar de tudo... todo o meu mundo tem aqui um sentido muito grande. Gerir a vida não é uma coisa fácil, requer método, paixão e muita muita energia. Hoje (apesar de um braço que resolveu enferrujar) o sol beijou-me a pele e disse-me apenas isto: Força!

E fica a faltar post com as conversas e peripécias do principe João... em breve, para breve....
E os aniversários estão quase a chegar... e o natal...
E tanto que fica sempre por registar...

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Read Comments

5 brilhos:

T. disse...

Eu ainda ando por aqui, longe, e muito, fisicamente, mas perto virtualmente!
Beijinhos

T. disse...

Ah e gosto do novo look!!!

RB disse...

Minha linda, um arrepio ainda está presente e teima em não se por a milhas...

Como eu sinto que sem te ver te entendo, te sinto, tão bem...

Tantas vezes quando te leio, me releio, e tanto do que é dito e sentido é o reflexo do lado de cá.

Gosto de te ler, de como te leio e do que leio. Aqui aprendo tantas vezes, tal como tu, vou daqui mais leve, sentindo-me igual e compreendida e com maior claridade para as minhas duvidas.

Para além de uma grande mãe, és, porque vejo a mulher por detrás da mãe, uma grande mulher.

Um beijo enorme

Inês disse...

Olá,
Sejas benvinda de novo à escrita por estas bandas...
Como eu te entendo, o tempo n dá para nada e com os miudos, tem de dar para tudo. Os limites dos nervos são testados em todos os membros da família.às vezes sinto que devo viver num mundo à parte...Parece que só nesta casa se reclama a igualdade mulher-homem e que só as minhas filhas tem uma mãe, q não pára desde o nascer ao por-do-sol...e por isso n tem paciência para as suas pequenas birras.
Qto ao registo no blog, eu vou fazendo, como o tempo q tenho, pq mesmo menos bem , sempre será um registo para mais tarde recordar e n m interessa nada se sou muito ou pouco visitada. O que pretendo é q pelo menos assinale alguns dos pequenos-grandes momentos da vida dos meus bebés.
Já tinha saudades da tua escrita...
Beijinhos
ines

Helena disse...

que bom ler-te de novo.
passar por aqui é quase como ler um bocadinho do que se passa no meu mundo (sem o dom da palavra que tens, claro está...)
eu sou uma das que também escrevo muito menos do que gostaria e que retribuo e acompanho menos do que a maior parte das meninas merece.
mas sempre que posso venho aqui...
beijocas grandes e que já tinham saudades