ser
De repente a brisa plácida e calma. Um pouco de um calor cinza que bate no rosto e o anima. Observar o dentro que se reclina suavemente para fora. Sou dos dias de sempre, das madrugadas tranquilas, dos céus que se renovam a cada instante, prometendo e oferecendo inúmeras possibilidades de cenário. Sou as manhãs calmas, vagarosas e com preguiça a beber o sol em golos pequeninos. Sou dos abraços que se espelham no peito e do beijo repenicado e húmido que escolhe o calor da face amanhecida. Por vezes esqueço, a tranquilidade parece querer ir morar noutra brisa que não esta, e uma inquietação sempre desconhecida e nova vem morar-me nos olhos e nas mãos que se tornam ineficazes. Esqueço-me da matéria de que sou feita e da qual, como barro, posso moldar cada dia se tiver brio e afinco. E pareço ver ao longe este corpo estrangeiro, desfalecer depois de quebrado e curvar-se perante a inquietude e a sombra. Hoje a brisa plácida, calma e cheia de chilreios inundou-me os olhos de caminhos, encheu-me de uma nova força anímica, quem se não eu pode guiar os passos pelos dias? Não sei por onde quero ir, que portas se abrirão ou que abrirei, não sei que canto é este que hoje ouço e que me transforma. Mas sei que não posso suspender os sorrisos que me olham expectantes, que me esperam, que me abraçam com seu brilho e que me exigem que seja aquela por quem o seu coração bate e desespera. A mãe serena, firme e crente, nos dias, neles e em todo o sentido que tem cada minuto de vida.
E nesse reencontro comigo e com a vida, encontrar os olhos que o amor identifica, beber-lhes toda a doçura e vestir-me dela. Ser afinal, com verdade e pureza aquela que faz os seus mundos, que pinta os céus, que doura as estrelas. Hoje é dia de sacudir o pó do baú onde moram os pincéis da vida.
1 brilhos:
Adorei ler este post.
Que saudades de ler as tuas palavras mágicas e ternas.
Mil beijinhos.
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