Olho-o recordando os dias em que parece que recomeçamos a viver, onde tudo volta a ser novo, porque diferente, onde os passos são desmedidos, onde os dias são urgentes, onde Amar é um desejo, por ventura uma dor, uma aventura… e o medo… esse… um companheiro, tantas vezes ignorado. Penso os meus dias, assim um dia, adolescentes… as grandes batalhas e as menos grandes também, as pequenas sombras e os grandes filmes, os sonhos… os dias para ser… um dia… grande! Recordo esse tempo, sem nenhuma saudade, mas com uma leve doçura no espírito, de quando, ainda menina, sentia flores por debaixo dos passos se acaso um sorriso, espelho de um outro ser ainda não amanhecido como eu, me brindava a manhã.
Recordo esses meus tempos olhando-o, aqui tão perto e tão longe no seu… tão seu… mundo. Recordo-me, olhando-o, e não me lembro de algum dia ter tido a lua a morar-me assim nos olhos, a paisagem tão efémera desfilando e o espírito voando, e ele ali tão quieto navegando, não naufrague, penso e espero, por entre as vagas intempestivas que são as de um coração adolescente. Em que mundos deambula o teu, já tão grande de tamanho… mundo. Teimei tanto para que não ficasses maior do que eu… e já é tanto o que o teu corpo alcança, o que a tua mão toca… longe, longe… ali tão longe, que trouxeste a lua lá do céu para a tua casa e nela repousas a cabeça, e os olhos, quando pareces encontrar-te assim sossegado, e assim alheado, deste, tão nosso, mundo. Sem maldade mas com uma pontinha de curiosidade, confesso, desperto-te tantas vezes desse sonho que habitas… às vezes com vontade de também eu morar nessas nuvens, viajar nessa luz… Desperto-te, despertas… e a realidade parece então muito crua e muito estranha, nada comparável a esses espaços, a esses sorrisos, a essas memórias que trazes na lua que mora nos teus olhos e no teu bolso do peito.
Sei-te aqui, também nas horas em que o coração chora e o teu mano reclama chamando repetidamente Dudu, Dudu, hum tá? E as suas mãozinhas pequeninas virando-se resignadas… Sei-te aqui, quando te penso aqui tão perto, mas vivendo num castelo com tantas muralhas em volta. Sei-te aqui quando me rio sozinha das nossas teimosias, e das nossas alegrias. Sei-te aqui quando o teu pai sorri para dentro e partilha em silêncio um momento tão vosso, que ele já te sabe a senti-lo. Sei-te aqui quando o teu coração reclama o caminho, e tão sossegado, e tão resignado, e tão esperançado nele acredita. Sei-te aqui e basta.
Dói-me muito não serem estas palavras ainda, as que do nosso coração sangram… as que gritam tudo o que é torto nos nossos dias…. Dói-me que não sejas ainda dono dos mundos por onde viajas, e dos passos, tão certeiros, caminhos, por onde os teus passos, vestidos de liberdade te poderiam levar….
Mas o meu coração sorri e acredita, nesse dia, em que sossegado… assim… como agora… parecendo quieto e alheio, dono enfim, dos teus passos, dos teus castelos e senhor dessa lua que mora nos teus olhos irás caminhar por esse mundo, esse tão belo mundo que desejas, e que no dia que amanhece num próximo amanhã, já é teu!
Pelos teus, hoje completos 15 anos,
o nosso desejo de que a Felicidade se multiplique e que seja estrelado esse teu caminho!*
Aqui tão teus Jane, Pai e João
Adenda: Não percebi que estava nas entrelinhas. Talvez para quem nos lê à menos tempo. Este tão nosso aniversariante é o mano do João. Por ele, e pelo amor do pai por ele, é que eu desejei ser mãe. Antes de ser mãe, já era mãe-drasta deste belo rapaz!